quarta-feira, 18 de março de 2009

Praia e marisco... Marisco e praia (viagem ao Tofo - 2ª parte)



Não havia planos para o jantar e dado o adiantar da hora fomos forçados a aceitar a única solução disponível – Fatima’s Nest – o “chiringuito” mais movimentado da praia. Enquanto aqueciam o caril de gambas a Filipa convidou a malta para pisar a areia e sentir a temperatura do mar. À medida que descíamos as escadas do Fatima’s para a praia, as dunas escondiam a luz artificial e proporcionavam uma visão incrível do céu estrelado.
A areia, de tão fina, quando pisada provoca uma ligeira cócega no pé acompanhada por um ruído estranho, de frequência muito semelhante a outros ruídos menos próprios e por isso perfeita para oportunistas. Eu próprio, apenas a título de experimento, comprovei a camuflagem.
A temperatura da água é um absurdo - perfeita para incursões nocturnas. Deixamos para mais tarde e voltamos ao pé na tábua para tirar a barriga de miséria.
Enquanto ceávamos o Mosca ia explicando os planos e as alternativas do fim-de-semana. À medida que os minutos passavam a casa compunha-se de clientes, que a julgar pelos diferentes tons de pele e idiomas praticados, seriam de todos os cantos do planeta. O ambiente, propício para o convívio internacional, convidou-nos a ficar até à última música e mesmo sem ela levamos o nosso tempo a arredar pé. Aproveitamos o convite de uma portuguesa que gentilmente ofereceu a casa e o conteúdo do frigorífico para dar continuidade à festa. A festa continuou com americanos, sul-africanos, moçambicanos e tugas, até à chegada do segundo grupo (Rui, Jean, Pia, Maria João e Diogo) que partira de Maputo após a jornada laboral.
Com o passar das horas o sol não resistiu a romper e nós correspondemos com companhia na praia do Tofinho, mesmo ali ao lado da casa (do Mosca) que nos dava guarida. Passámos várias horas na água entre conversas, carreirinhas, tentativas de surf, e corpos a flutuar. O tempo, felizmente, parecia não passar. Perguntei a mim mesmo que horas seriam. Avaliei. E só o relógio me fez acreditar que faltavam quatro horas para o meio-dia que eu jurava ser. A essa altura apareceu um “mufana” com duas lagostas e algum peixe a tentar a sorte com a malta de pele branca. Dissemos que era muito pouco para tantas bocas famintas e que teria que trazer pelo menos três quilos. O puto, munido da sua rudimentar espingarda de caça submarina (pau, elástico de borracha câmara de ar, cordel e arpão de arame), desapareceu entre a areia e o mar e só apareceu depois da nossa sesta matinal que se prolongou até à hora pré-prandial. Artilhado de lagosta até aos dentes, ganhou o dia por apenas duzentos meticais (seis euros).
O Chef Rui e o seu braço direito (senhor João) prepararam a iguaria e nós, à mesa, correspondemos com silêncio e sorrisos de deleite.
Pela tarde fomos para a praia da barra. O cenário era um pouco diferente. A praia mais comprida, quase interminável, era separada da lagoa vizinha por milhares de coqueiros e algumas zonas pantanosas. Partilhamos o areal com o mar, a calmaria, e com milhares de caranguejos que apanhavam banhos de sol (e de mar) ao longo de vários quilómetros. Não contentes com o almoço, não resistimos a caçar alguns para o lanche.
Na volta, a Pia teve a excelente ideia de passar pelo Flamingo’s Bay (resort de luxo por cima do pântano contíguo à praia). Aparentemente reservado a hóspedes, invadimos o espaço sem dar cavaca a ninguém e tomamos conta da piscina que se debruçava sobre o pântano salgado. Armados de caipirinhas ficamos na água até ao pôr-do-sol.


Uma breve passagem por casa para um duche de água doce e estávamos prontos para o jantar de aniversário da Filipa e do recém-chegado Nuno. O jantar foi na "casa de comer". As escolhas dividiram-se entre peixe, marisco e carne, ainda que a maioria não tenha querido quebrar a corrente do dia. Eu comi muito bem – santola – e bebi pela mesma medida – vinho branco sul-africano. As conversas vaguearam pelas memórias frescas do dia passado, por gemidos e trincas de prazer, pelo tema que patrocinava a efeméride, por temas sem nexo e por muitas gargalhadas e sorrisos cúmplices. Foi um jantar bem ao nível do resto do dia. No final passamos para a zona lounge. Sentamo-nos nos sofás e bancos disponíveis e formamos um círculo à volta de uma mesa que rapidamente se tornou num amontoado de copos. Brindamos aos aniversariantes a convite do dono da casa que “cavalheirescamente” incluiu o brinde na conta do jantar. Terminamos a noite no Fatima’s Nest, bem ao jeito da noite anterior.

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